Além das palavras…

O que falamos vai além daquilo que escutam os ouvidos, mesmo que sejamos excelentes oradores e tenhamos diante de nós exímios ouvintes.

As palavras são como bolhas de sabão. O que nos fascina, em ambas, não são elas próprias, que tão logo lançadas deixam de existir, mas sim o eco que provocam em nossas almas.

A perfeição de uma bolha de sabão remanesce em nossa percepção mesmo depois que ela deixa de existir. O som mudo de uma palavra também pode ecoar em nós para todo o sempre.

Fazendo de sua caneta um cinzel, Rubem Alves esculpiu este belo verso:

“Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel.”

Sabia o poeta que o significado das palavras está além delas próprias. Afinal, para isto servem as palavras: para que uma alma toque outra alma.

Vontade e espiritualidade

Variadas são as sendas que levam à descoberta interior. Tudo, absolutamente tudo pode servir ao aprendizado. Isso quer dizer que agruras e amor podem levar à consciência de nós mesmos e do Todo.

Circunstâncias aparentemente desfavoráveis podem servir de desculpa para aquele que não galgou os passos que deveria ter galgado nos caminhos da alma. Mas é bom lembrar que o caminho pedregoso faz com que desejemos passar por ele depressa, ao passo que um caminho agradável pode fazer com que caminhemos mais devagar ou mesmo estacionemos.

Situações aparentemente favoráveis podem levar ao comodismo, afagando nosso interior ao invés de instigar-nos a ir além de seus confortáveis limites.  Contudo, se nossa disposição interna é aprender, as circunstâncias favoráveis podem nos poupar a energia despendida em lutas que não precisam ser travadas.

O que importa, em todo caso, é a vontade interior – a chama que queima por dentro e impele à ação interna adequada à busca divina. Tudo pode servir de pretexto para a não realização da busca interior. Tudo também pode ser fonte do aprendizado que leva a essa realização. O que faz a grande diferença em nossos destinos, a despeito de qualquer outra coisa, é a vontade que queima com mais ardor no âmago de nós mesmos, vontade essa que direciona nossas ações.

O que são chacras?

Os chacras (ou chakras) são centros energéticos localizados em nosso corpo astral*, veículo mais sutil do que o nosso corpo físico.

Existem milhões de pequenos chacras em nosso corpo sutil, cada um com determinada correspondência em nosso corpo físico.

Os chacras principais, porém, são sete. Cada um deles corresponde a uma glândula de nosso sistema endócrino. São eles:

1) Básico (muladhara) – Situado na base da coluna, sua correspondência glandular é com as supra-renais. Assemelha-se a uma raiz, visto que é um centro energético voltado para baixo. Capta, assim, energia telúrica. Responsável pela vitalidade. Possui 4 “pétalas”.

2) Sexual (swadhistana) – Nos homens, corresponde aos testículos. Nas mulheres, ao ovário. Obviamente ligado aos aspectos sexuais, reprodutivos e aos prazeres e desejos carnais. Quando equilibrado, alinha-se ao fluxo de dar e receber, auxiliando em trocas energéticas. É uma chacra muito forte que, se desequilibrado, pode manter a pessoa presa a padrões de consciência mais densos. Quando vibrado em sua faixa mais baixa, estimula o chacra básico, voltando a consciência às coisas terrenas. Possui 6 “pétalas”.

Cada uma dessas pétalas é uma forma simbólica de representar uma determinada frequência ou faixa vibratória em que cada um dos chacras atua.

3) Umbilical ou plexo solar (manipura) – Localizado ao redor do umbigo com correspondência ao pâncreas, é o chacra responsável pelas emoções. Quando em desequilíbrio pode provocar problemas gástricos e digestivos. Quando um ambiente está tumultuado energeticamente, facilmente percebe-se a carga energética através desse chacra, o que pode causar dores e enjoos. Quando trabalhamos internamente as emoções o chacra umbilical fica menos suscetível a ligações com energias pesadas. Quando vibrado nas faixas superiores, conecta-se ao chacra seguinte: o cardíaco. Possui 10 “pétalas”.

4) Cardíaco (anahata) – Corresponde ao timo e é responsável pelos sentimentos superiores, como amor, compaixão, altruísmo, paz, etc. Quando a consciência opera desse chacra para cima, há uma forte ligação com a Espiritualidade. Se desequilibrado, com angústias, por exemplo, pode provocar problemas cardíacos. Se vibrado em suas faixas mais elevadas, é um instrumento para a ligação com o Alto. Possui 12 “pétalas”.

5) Laríngeo (vishudda) – Correspondente à tireóide, pode ser responsável por uma boa oratória e eloquência. Funciona, muitas vezes, como uma válvula de escape. Quando há um acúmulo de energias e emoções, estas podem ser esvaídas através da fala. Daí o seu nome em sânscrito, vishudda, que significa purificador. Possui 16 “pétalas”

6) Frontal (ajña) – Ligado à hipófise (ou pituitária), localiza-se entre as sombrancelhas, no chamado terceiro olho. Responsável pela intuição e pela clarividência é facilmente sentido quando fechamos os olhos e nos concentramos nele. Ao meditar, direcione toda sua concentração, voltando inclusive seus olhos (mesmo fechados) para a região entre as sombrancelhas. Isso fará com que sinta o seu pulsar. O desenvolvimento deste chacra pode proporcionar uma série de experiências espirituais. Possui 2 “pétalas”, cada qual subdividida em 48 outras. Ao todo, portanto, possui 96 “pétalas”.

7) Coronário (sahashara) – Ligado à epífise (ou pineal), localiza-se no topo da cabeça. Responsável pela compreensão superior. É voltado para cima (opostamente ao chacra básico; os demais são voltados para a frente) e conecta a consciência ao Alto. Certas substâncias, como o flúor, podem prejudicar seu funcionamento, calcificando-o. Também é conhecido como o chacra das mil pétalas. Suas faixas vibratórias ainda permanecem desconhecidas e desbravadas pela maioria de nós. Seu desenvolvimento é também o desenvolvimento de nossas consciências.

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* Também conhecido como perispírito, corpo energético, etérico e uma infinidade de outros nomes.

Um breve mergulho

Mergulhe profundamente dentro de si. Feche os olhos, acalme os sentidos, silencie a mente. Respire lenta e profundamente, a cada inspiração mergulhando mais e mais dentro de si mesmo. Ao expirar, liberte-se das amarras que o impedem de ir mais e mais fundo em seu interior.

Passado um tempo, desligue-se também de sua respiração. Volte sua consciência para um outro fluxo: o do Universo, compreendendo-o como um todo vivo e pulsante. Alastre seus pensamentos, livrando-os do confinamento mental a que o hábito os impôs. Propague suas energias em direção à fonte perpétua e inesgotável de Luz.

Dilua, momentaneamente, seus átomos no Infinito. Expanda sua compreensão. Desligue-se de si mesmo. Permita que sua consciência vague sem rumo, livre de formas, de palavras e de conceitos. Expanda-se em Paz e em Felicidade sublime. Permita que sua luz interna toque a Luz Maior.

Consequências da Eternidade

Um dia, num futuro longínquo – muito, muito distante – os olhares para trás revelarão que toda a História até hoje existente não passou de um breve piscar de olhos no curso do tempo.

Cada flor que já brotou e se decompôs, embora especial na sua singularidade, sob a régua da Eternidade, pouco representa relativamente ao Todo.

Assim como uma célula do nosso organismo, destas cuja existência dura poucos dias, sob o prisma do Eterno, tudo vira breve. Uma simples gota d’água ou uma longeva e imponente galáxia, medidas na régua infinita da eternidade, não passam de um simples pontinho indistinto.

Toda matéria, independentemente de sua magnitude – seja um grão de areia ou o maior dos corpos celestes -, por sua própria essência evanescente, quando vista à luz da Eternidade, torna-se igualmente insignificante. Se acha que é exagero, medite um pouco mais detidamente sobre isso.

De longevidade infinita, isto é, eternas, são nossas almas. Somos, portanto, viajantes nesse fluxo contínuo que é o Tempo. Estamos permanentemente diante da dualidade entre matéria (efemeridade) e espírito (perenidade).

Nossas consciências, ao longo do tempo, habitam diversas moradas, sejam diferentes corpos em diferentes vidas ou mesmo, sob outra perspectiva, diferentes planetas, em diferentes ciclos de vidas.

Calma! Tudo até agora são deduções lógicas que partem de apenas duas premissas: 1) Assumir o tempo como infinito; 2) Considerar que nossas almas são imortais.

Se somos almas imortais, visto que todos os planetas em certo momento deixam de existir, possivelmente viveremos, um dia, em algum outro planeta (ou ao menos em algum outro local qualquer, seja ele como for).

A projeção futura indica isso. Agora, pergunto: Será que no passado também não pode ter sido assim? Isto é, será que já não podemos ter vivido em outros planetas, sem que disso lembremos?

Caminhos

Para atingir a iluminação precisamos nos livrar de todos os nódulos espirituais que impedem o fluxo perfeito da Luz Maior em nós. No estado búdico todas as moléculas de nosso ser estão alinhadas e em sintonia com a Harmonia Divina.

E como livrar-se desses nódulos bloqueantes incrustados por vidas e mais vidas? Transcendê-los a cada um é uma saída possível, porém laboriosa. Requer honestidade suprema, coragem inabalável e o pleno domínio das emoções, de modo que lancemos cura sobre as doloridas feridas de nossas almas. É um trabalho ascético e solitário.

Outro caminho é o devocional. Aqueles que com seus corações são capazes de sintonizar-se com o Alto rumam a estrada direta que os leva à Luz, iluminando-se assim por completo, sem que precisem apagar todas as sombras de suas almas, uma a uma. São banhados de uma só vez com a Luz Divina que os embebe por inteiro, tornando-os unos com Ela.

E cada um desses caminhos desdobra-se em uma infinidade de vias secundárias. Eis que vários caminhos levam ao mesmo destino, assim como os vários rios que desembocam no oceano.

Sois imortais

Aos poucos que hão de ler estas palavras com os olhos e ouvi-las com o coração, vos digo, repetindo aquilo que seus intelectos já sabem, mas que suas consciências carecem compreender: Sois imortais, filhos da Eternidade.

Do berço espiritual partiram para as sendas da matéria, prometendo carregar consigo a sabedoria e o amor que lhes são próprios, inerentes às suas almas.

Em seus espíritos habita a Grande Luz, que anseia por espargir seu brilho. O corpo opaco que habitam não pode impedir que o brilho de suas almas se espalhe através de suas palavras, de seus gestos e de seus olhares. Brilhem, peço.

Sois amor e, portanto, peço: espalhem amor. Sois paz e, portanto, peço: espalhem paz.

Trazem em si a harmonia das esferas celestes e divinas. Diante disso, clamo: harmonizem seus interiores, conectando-se com essa harmonia maior.

Serenem os pensamentos, mergulhando nos oceanos magnânimos da Paz. Respirem no ritmo da harmonia, relaxando cada átomo de seus corpos.

Repito: Sois eternos. Peço: Meditem sobre a Eternidade.

Permitam que seus pensamentos extrapolem os limites a que se habituaram. Permitam que seus divagares fluam pacífica e indefinidamente, percorrendo sem rumo a vastidão do Infinito.

Sois imortais, lembrem. Nada que afeta seus corpos pode afetar suas almas, se assim não o permitirem.

No respirar lento e profundo, apaziguem suas emoções e expandam suas consciências. Mergulhem no portal da transcendência que há em seus interiores.

Paz profunda

Véus de Maya

Você pode passar uma vida inteira meditando sobre a humildade e ainda assim manter-se orgulhoso. Você pode passar uma vida inteira meditando sobre o amor e propagando seus frutos através de palavras sem contudo senti-lo em seu interior. Você pode passar uma vida inteira praticando meditação sem atingir o verdadeiro estado meditativo.

Para a obtenção de pérolas do oceano o que vale é a direção e a profundidade do mergulho. De nada adiantam mergulhos rasos e na direção errada. O mesmo se dá com as pérolas espirituais, que constituem a suprema sabedoria. Seu alcance depende da direção e profundidade do mergulho empreendido.

Nos mundos de ilusão, as aparências de verdade são facilmente acolhidas e tomadas por algo real, assim como os caminhos circulares são facilmente confundidos com rotas ascendentes.

Nós e o Universo

Tende humildade nos caminhos do saber, pois sois, como sou e como todos somos, eternos aprendizes na escola do Universo.

Somos parte de um Todo, um todo que é ao mesmo tempo infinito e incompleto. Sim, incompleto, pois está em contínua expansão e transmutação, num construir perpétuo.

Novos aprendizados que adquires, são novos aprendizados que compartilhas com o todo de que é parte, assim como novos aprendizados que cada um dos seres adquire é também com ele compartilhado.

Sois, como sou e como todos somos, parte de algo maior. Mas esse algo maior também é parte de nós, e dele somos indissociáveis. Em nossa incompletude nos completamos.

A cada ponto de luz que acendemos em nosso interior, tornamos o Universo mais luminoso. E a luminosidade de todas as luzes que dele irradiam nos guiam em nossos caminhares.

Fluímos perpetuamente pelos rios caudalosos da Vida, vertendo de nós os aprendizados que adquirimos e nos banhando com as lições com que o Universo nos educa.

Sois, como sou e como todos somos, centelhas da flama eterna da Luz Maior. Caminhais sabendo que não há verdadeira conquista que esteja dissociada do Bem comum.

Paz e Luz

Atitudes e Consciência

Raramente nossas atitudes são o reflexo de nossa consciência, que é onde residem as nossas verdades e também as nossas limitações. Por muitas vezes, agimos movidos por motivações diversas que não a voz de nossas almas. 

Explico:

Ao tomarmos uma decisão, nossas atitudes são reflexo do estado em que nos encontramos. Quando, por deixar de tentar ir mais a fundo, nos precipitamos em seguir o caminho onde as respostas são mais fáceis de serem encontradas, deixamos de agir movidos por nossa consciência.

Agir conscientemente requer estudo, aprendizado e, por fim, o conhecimento que será atingido através do caminho que percorremos sem saber se nele encontraremos uma resposta ou mais um desafio.

Na trilha fácil, reside o externo, o raso e não o aprofundamento.

A facilidade somente é bendita quando nossas mentes estão em paz, perante nós mesmos e o Universo Infinito, pois esse é um estado espiritual em que já nos encontramos não apenas em equilíbrio, mas nossos sentidos já se estendem além da matéria física, adentrando em nossa própria alma, que está interligada com o Cosmos.

Não obstante, temos sempre escolhas em nossos caminhos e, por vezes, colocamos a opinião dos outros ou a nossa imagem como fator decisivo para nossas decisões. Em algumas ocasiões ainda, o simples fato de querermos agradar as pessoas para não passarmos a imagem de pessoas intransigentes ou intolerantes é o que pauta nossas ações.

Aí está um breve relato de decisões que são reflexo de atitudes que poderia chamar de não conscientes.

A decisão tomada através de nossa consciência é algo que transcende a essas motivações: ela vai ao encontro dos nossos sentimentos quando adentramos em nosso interior para nos silenciarmos e sentirmos nossas mais profundas emoções.

E isso não inclui nossos desejos e vontades, pois nossa consciência vive e pulsa pelo amor.

O amor é a consciência de tudo o que há de puro, belo e harmonioso.

E, se ao decidirmos por nossa consciência e por amor e ainda assim errarmos, é porque nosso caminho ainda deve ser percorrido para descobrirmos através de nós mesmos o que nos falta aprender e transformar para que nos tornemos seres cada vez mais conscientes de nossa capacidade evolutiva.

O erro consciente transforma-se em luz em nosso caminho, fazendo com que nossos próximos passos se norteiem por lições que jamais esqueceremos, porque é um aprendizado que nos enriquece e fortalece; jamais enfraquece.

A essa altura, os desejos rasos e as influências externas já não importam mais, pois nossas atitudes já se transformaram em lições que estão constantemente modificando o nosso ser. Se através de acertos, trazem consigo bagagem espiritual que levaremos por toda a eternidade. Se através de erros, indicam novos caminhos a serem percorridos e explorados para que possamos repensar, analisar e compreender que a consciência espiritual reside no ato de entendermos que somos seres em construção, em busca de eternos aprendizados perante a Espiritualidade.