O que falamos vai além daquilo que escutam os ouvidos, mesmo que sejamos excelentes oradores e tenhamos diante de nós exímios ouvintes.
As palavras são como bolhas de sabão. O que nos fascina, em ambas, não são elas próprias, que tão logo lançadas deixam de existir, mas sim o eco que provocam em nossas almas.
A perfeição de uma bolha de sabão remanesce em nossa percepção mesmo depois que ela deixa de existir. O som mudo de uma palavra também pode ecoar em nós para todo o sempre.
Fazendo de sua caneta um cinzel, Rubem Alves esculpiu este belo verso:
“Cartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel.”
Sabia o poeta que o significado das palavras está além delas próprias. Afinal, para isto servem as palavras: para que uma alma toque outra alma.