O caminhar do espírito se assemelha ao escalar de uma alta montanha. E o escalar de uma alta montanha se assemelha ao escalar de uma pequena parede. Ao escalar uma pequena parede, não temos medo de cair, pois se cairmos nada de mal nos ocorrerá. O chão está próximo para nos amparar.
Ocorre que não precisamos desse amparo, pois quando temos apenas um movimento pela frente, fazemo-lo de modo certeiro. Ajustamos nossas mãos e nossos pés de modo que eles nos garantam firmeza e não temos motivos para acreditar que nosso movimento não seja firme. Sendo firme, estamos em segurança.
O escalar de uma grande montanha é a sucessão desses movimentos. Se cada um for tão firme como o primeiro não há dúvidas de que a escalada será bem sucedida. Afinal, uma grande montanha nada mais é do que uma grande parede. E uma grande parede é como que muitas paredes pequenas, as quais não temos problemas em escalar.
Essa é uma visão cristalina de como funciona uma escalada. Aí não há espaço para o medo, que se torna algo sem sentido. Se não temos medo de escalar uma pequena parede, por que teríamos medo de escalar essa pequena parede muitas vezes sucessivamente?
O medo surge quando o foco vai para fora, quando se deixa de pensar nos próprios movimentos e se começa a olhar para o derredor. Nesse momento há um abandono da consciência. Uma realidade exterior, antes inofensiva, passa a ser opressiva. Nesse momento, é percebida a distância a que se está do solo, como se isso tivesse implicação no próximo movimento a ser feito.
Quando a consciência estava voltada para si mesma, isso não era um problema. Uma montanha não era uma montanha, mas uma sucessão de pequenas paredes.
Com o mantenimento da Consciência nada há a temer. Cada movimento consciente é um movimento firme rumo ao alto. Desse modo, o mais alto dos cumes passa a estar ao alcance daqueles que se empenham nessa escalada.