As forças mais grosseiras da mente manifestam-se nas estruturas mais densas do corpo, mas as forças sutis da alma – consciência, inteligência, vontade, sentimento – requerem o bulbo raquiano e os tecidos delicados do cérebro para neles residirem e por meio deles manifestarem-se.
Em termos simplistas, as câmaras interiores do rei Alma estão nos centros sutis da superconsciência, da Consciência Crística ou de Krishna (Kutasha Chaitanya ou Consciência Universal) e da Consciência Cósmica. Esses centros estão, respectivamente, no bulbo raquiano; na parte frontal do cérebro, entre as sombrancelhas (sede do olho espiritual ou único); e no topo do cérebro (o trono da alma, no “lótus das mil pétalas”). Nesses estados de consciência o rei Alma reina de modo supremo – pura imagem de Deus no homem.
Quando, porém, a alma desce para a consciência do corpo, cai sob a influência de maya (ilusão cósmica) e de avydia (ilusão ou ignorância que cria a consciência do ego). (…) A alma, como o ego, atribui a si mesma todas as limitações ou circunscrições do corpo. Uma vez que adota essa identificação, a alma já não pode expressar sua onipresença, onisciência e onipotência. Imagina-se limitada – assim como um rico príncipe, vagando em estado de amnésia por uma favela, pode imaginar-se um pobre. Nesse estado de ilusão, o rei Edo assume o comando do reino corporal.
A consciência da alma pode dizer, como o Cristo desperto em Jesus: “Eu e meu Pai somos um”. A consciência iludida do ego diz: “Sou o corpo; essa é minha família e este é meu nome; esses são meus pertences”. Embora o ego pense que governa, ele é, na verdade, prisioneiro do corpo e da mente, que, por sua vez, são peões das maquinações sutis da Natureza Cósmica. (…) O ser humano médio só é consciente do corpo e da mente e de suas conexões com o exterior. Permanece hipnotizado pelas ilusões do mundo (expressas de muitos modos na literatura antiga e atual), que reforçam sua suposição tácita de que ele seja uma criatura finita e limitada.
Paramahansa Yogananda