Ninguém é pobre. Todos somos dotados de um rico quinhão: as joias da alma. Aquele que desperta a consciência para a beleza e a vastidão do mundo espiritual, percebe que tem ao seu alcance o mais valioso dos tesouros: o reino do espírito.
Não se trata de metáfora ou de palavras de consolação, mas de uma verdade tão sublime como simples, porém de laborioso acesso.
Em meditação profunda, quando o acesso ao mundo espiritual torna-se estreito, isso tudo deixa de ser só palavras e passa a ser uma experiência transcendente, que ultrapassa os liames da consciência puramente material, religando a alma imortal ao Espírito.
Cada um de nós é senhor não apenas de um reino vastíssimo, mas de todo um universo. Este é o quinhão que nos foi legado: todo um universo, que – sem exagero – é o que representa o nosso interior.
Mas governar um reino de tamanha vastidão é tarefa de muita responsabilidade e que requer sabedoria. Um bom governante não pode prescindir de predicados essenciais, tais como a humildade, o altruísmo, a clareza no discernimento, a pureza de intenções e a força diligente para empenhar ações na direção correta.
Todos esses atributos, como outros necessários a um bom governo, devem ser regidos sempre por profunda harmonia, de modo a não suscitar conflitos entre eles. Eis que um governo harmônico e alinhado com as Leis Eternas é um governo de sabedoria, da sabedoria que expande o seu reinado, sem que para isso tenha que usurpar reinos alheios.
Aliás, quando nos preocupamos com reinos de outrem deixamos de dispender atenção ao nosso próprio, que carece de tantos cuidados. A falta de zelo faz com que nosso vasto reino deixe de prosperar, ficando nossas riquezas à míngua.
Mas, por mais que estejamos em situação de penúria (espiritual), jamais deixaremos de ser senhores do nosso reino universal. Fazê-lo prosperar é questão de um reinado competente.