Algumas pessoas estão tão acostumadas a mentiras e ilusões que a verdade lhes parece dura, chegando mesmo a machucá-las.
Assim como alguém que passa muitos anos nas profundezas escuras de uma caverna – e que, portanto, acostuma-se com a escuridão – ao sair desse ambiente é ferido pela luz do sol, que machuca-lhe os olhos e tosta-lhe a pele, do mesmo modo a luz da verdade pode machucar aqueles que se acostumaram à escuridão da mentira.
A casa do melindre é o próprio melindrado.
Aquele que vê violência onde ela não existe – e ela pode não existir mesmo em palavras duras -, assim o vê porque ela mora dentro de si.
Não há violência em chamar as coisas pelo nome. Há casos em que isso é desnecessário; há casos que admitem alternativas; há casos, porém, em que a verdade desnuda é fundamental.
Aquele que tem violência ou melindre dentro de si, os projeta para fora. Por inconsciente desse processo, vê apenas a projeção daquilo que emanou, ignorando que a origem é ele próprio.
Por ignorância, vê apenas o efeito, atribuindo a outrem algo que ele mesmo causou.
P.S.: Palavras duras, segundo vejo, são palavras que podem impactar por sua verdade, contudo, são destituídas do intento de machucar, ou melhor, têm o intento consciente de não machucar. Palavras rudes, a que se refere o post anterior, trazem em si um aspereza desnecessária, são impregnadas de rusgas e sentimentos mal resolvidos, são como que uma chicotada verbal.