– De onde vem a luz que nos acorda todos os dias e que nos permite ver as cores de tudo o que vemos, mestre?
– É o Sol que nos presenteia com seus raios que aquecem e iluminam, meu jovem. Um sol que paira em meio ao universo e em torno do qual o planeta em que vivemos gravita.
– Que é o Sol que nasce e se põe todos os dias, aquecendo e iluminando a vida na Terra enquanto trabalha?
– É uma estrela como tantas outras. Uma estrela que para nós é fonte de vida; e, para aqueles que habitam mundos distantes, não passa de um ponto brilhante no firmamento em meio a tantos outros.
– E que são as estrelas?
– São grandes diamantes que espargem brilho, assim como o nosso sol. Mas, deixe-me perguntá-lo algo, caro jovem.
– Pois não. Ficarei feliz em respondê-lo, se souber.
– A pergunta que vou lhe fazer não é uma pergunta feita para ser respondida. Ao menos não para mim. E não sem que antes seja empreendida toda a reflexão de que alguém é capaz. É uma pergunta que, se respondida, trará a resposta para todas as demais.
– E que pergunta será esta?
– Perguntaste que é a luz do Sol; e ainda o que ele próprio representa. Perguntaste que são as estrelas, e poderia perguntar que é o universo e ainda que são cada uma das coisas nele contidas. Poderia perguntar sobre tudo, obter resposta e continuar sem saber de nada. Podemos conhecer tudo, mas, se não conhecermos a nós mesmos, não conhecemos nada.
Um olhar curioso como o seu pede incessantemente por respostas, e isso é bom. Mas respostas levam a mais perguntas e, se não sabemos o que realmente queremos saber, acabamos por nos perder satisfazendo curiosidades vazias, esquecendo-nos daquilo que mais importa e presos num infinito emaranhado de indagações.
Tudo aquilo que aceitamos como verdadeiro, só é assim concebido depois de passar pelos filtros de nossa percepção. E esses filtros frequentemente nos levam a conclusões equivocadas das coisas tal como elas são. O mundo que habitamos, como você sabe, é um mundo repleto de ilusões. E, deste modo, facilmente nos enganamos. Algumas dessas ilusões são tão falsas como convincentes e, sendo assim, quanto mais enganados estamos, também mais convictos de estarmos certos nos tornamos.
Para ver a tudo com o olhar da realidade, você deve libertar-se dos filtros que o impedem de ver as coisas como elas são. E, lhe garanto, a verdade real das coisas é muito diferente daquilo que imagina. Quando livrar-se do filtro que molda sua visão do mundo, tudo adquirirá outro significado. Verá tudo diferente. E essa visão, despojada da máscara da ilusão, será a mais cristalina que já teve. Conhecer a si mesmo é a chave para o conhecimento de todo o universo. Conheça seu eu real e terá se livrado dos filtros ilusórios de que falei.
Assim, a pergunta que lhe faço é simples: Quem é você?
(Postado originalmente em 20 de outubro de 2011)