A luz era intensa, de brilho indescritível. Fora como se uma estrela descesse dos céus e ali se instalasse. A paz diáfana que emitia era também indizível. Havia morrido e chegado aos céus? Ou os céus haviam descido até ali?
Passado um pouco do deslumbre, raciocinava com mais calma. E assim chegava a conclusões que, a despeito da reflexão ponderada, ainda pareciam fruto de um delírio; isso para aqueles que não haviam presenciado o ocorrido.
Não, não havia morrido. Um dos muitos anjos dos céus é que havia descido – trazendo consigo um ‘pedaço’ do paraíso.
Da luz arrebatadora pude distinguir uma forma humana saindo de seu centro, caminhando em minha direção. Prostrei-me em prantos, gratamente emocionado por estar vivenciando experiência tão divina, da qual não me considero merecedor.
– Meu filho, levanta-te – angelicamente proferiu a voz perfumada com hálito celestial. Estou aqui para lembrar-te, assim como muitos de nós sempre lembramos aqueles que ainda frequentam a escola da matéria, que o mundo em que vives é um lar de passagem. Sê grato por toda a acolhida que recebes. Cumpre teu papel com zelo, discernimento e amor. Mas confia na intuição que o guia e tem certeza: as lições que aprendeste em vidas passadas estão conservadas em tua alma. A voz silenciosa que o guia não é fruto de tua imaginação, mas o aprendizado do espírito sutilmente adentrando nos meandros da matéria. Por vezes, somos nós procurando intuí-lo sobre a melhor maneira de proceder. Tens prova, agora, de que isso tudo é real. Mas só tivestes esta oportunidade porque, antes de ver com os olhos, já o sentias com o coração e a mente da alma. Segue confiante em teus desígnios e que a Luz Maior ilumine sempre os teus caminhos.
Com um leve sorriso e um olhar que era só carinho, balançou suavemente a cabeça, como que num adeus, retornando ao local de onde viera.
– Mestre, por favor, fique mais um pouco. – supliquei.
– Não sou um mestre – respondeu humildemente –, sou apenas um mensageiro. Um dia também te tornarás um mensageiro, assim como toda a humanidade também se tornará. Seremos então todos arautos do Amor, da Sabedoria, da Paz e da Alegria divinas.
E com essas palavras desvaneceu, deixando um rastro de luz desde diante de mim até um ponto longínquo no céu; cintilou uma vez mais com intensidade acentuada e assentou-se em seu brilho perpétuo na forma de estrela.