Uma estranha saudade

Sentado à beira da praia, olhando para a vastidão do oceano e também do horizonte, estava absorto em seus pensamentos, ainda sem um claro delinear. Começou a fazer alguns desenhos com um graveto na areia, alternando a visão entre o que desenhava e o horizonte longínquo. Foi nesse momento que o vislumbre de algo maior lhe ocorreu.

Quando olhou para o céu, sentiu uma estranha saudade, não sabia de quê. Era como se tivesse deixado para trás algo que lhe era muito caro, mas que ainda não podia identificar.

De repente, foi como se nada nesse mundo pudesse preencher seus anseios. Passara a buscar algo que, apesar de não saber o que era, tinha plena convicção de ser muito importante. Alguma coisa além das estrelas chamara sua atenção, e esse chamado tocou-lhe o âmago.

A partir desse dia, desse momento especial, sua perspectiva sobre tudo à sua volta havia mudado. Foi como se uma consciência há muito adormecida iniciasse um despertar. E essa nova consciência passou a guiá-lo em suas ações.

Mas era tudo tão estranho, tão diferente. Um mundo no qual não se encaixava.

No princípio, permanecia sempre deslocado, não sabendo como se portar diante das situações. Quando todos riam, não compreendia o motivo; quando choravam, também não entendia as razões.

Passado algum tempo, sua compreensão sobre aqueles que o cercavam e sobre o mundo à sua volta aumentou um pouco. E, passando a entendê-los, passou a gostar mais deles.

Mas, nos recônditos de seus pensamentos, sabia que certas diferenças jamais seriam superadas, e que sua casa era outra. Sabia que só poderia ser pleno se a saudade que sentia fosse suplantada. E isso significava seguir o chamado que havia-lhe tocado. Significava buscar o que há além das estrelas…

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