O relato que a seguir começa com o acender de uma chama; uma chama de mudança e superação, de esperança e alegria, que viria a modificar tudo ao redor.
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Sob raios e trovões, debaixo de uma atmosfera opressiva e ao som de ruídos dilacerantes, fez soar sua trombeta, ressoando o som proveniente da chama há tanto adormecida nos recônditos de sua alma; a chama que traz em si a esperança de mudar tudo ao redor, levando o Amor e a Paz onde impera o caos e a desarmonia. E assim toda a força de sua alma fora externada no som que preenchia todo o ambiente, fazendo calar os trovões. Um som que ficaria eternamente gravado na memória e nos corações daqueles que presenciaram aquele momento mágico. A trombeta prenunciara a Paz onde antes prevalecia o terror, e veio a revelar-se uma poderosa força capaz de acordar do transe de uma eternidade aqueles que não mais se lembravam de quem eram, nem do brilho adormecido em seus corações. O som da Esperança fez mudar a paisagem, e veio acompanhado de raios brilhantes de sol, que romperam as nuvens densas e cinzentas. Os olhares cansados e inundados pelo medo que se lhes impunha passaram a espargir um brilho profundo, revelando homens e mulheres fortes e obstinados.
Toda a força de sua alma revigorara os ânimos daqueles que haviam desistido de lutar, e fez com que um novo horizonte se projetasse, levando luz onde só eram trevas.
Ao som da trombeta seguiu-se um breve silêncio, que logo fora preenchido por um discurso que trouxe lágrimas aos olhos daqueles que mantinham seus corações vivos e pulsantes, e os impeliu com uma força que não se acreditava mais existir rumo ao rompimento das correntes que os agrilhoavam.
– Ouçam a voz de suas almas; ouçam o grito preso dentro de vocês, e que clama por ecoar por todo o vale, meus amigos. Ouçam a melodia de seus corações, que há tanto deixou de ser tocada. Encarem com confiança as situações os oprimem, e tenham a certeza que não há no mundo força maior do que a força de seus corações. Acordem do sono eterno que enfeitiçou suas consciências. Libertem-se dos grilhões que os aprisionam e deem o grito de liberdade que clama por sair, não de suas bocas, mas de suas almas. Mas lembrem-se sempre de quem são, lembrem sempre de que toda sua luta deve ser lutada com Bondade e Compaixão, pois esses sentimentos fazem parte daquilo que são. Lutem pela Liberdade de si mesmos e daqueles que ao lado de vocês caminham; jamais para subjugar a quem quer que seja. Que a Grande Paz e o mais profundo Amor tenha abrigo em seus corações, pois são essas as forças que os irão impelir para o caminho correto, guiando-os em suas ações. Que a chama da Justiça os dê coragem para suplantar os desafios e, junto com a verdadeira Compaixão, lhes dê força para estender a mão àqueles que necessitam. Hoje um novo horizonte se vislumbra; um horizonte que juntos iremos construir, com as virtudes mais nobres de nossos espíritos. Que a Grande Força esteja com vocês, meus amigos. Com gratidão por ouvirem as minhas palavras, assim me despeço, ao mesmo tempo em que vos conclamo para a luta. Uma luta que deve ser lutada com Honra e Bravura, Coragem e Piedade, Força e Compaixão. Hoje é o dia em que voltam a serem senhores de si mesmos, e comandantes de seus próprios destinos, isso eu vos garanto.
E suas palavras estavam impregnadas por algo além do que sua aparência revelava. Como que um significado oculto permeava aquela fala pronunciada a um só tempo com grande firmeza e suavidade e que, embora não compreendida de todo pelos ouvidos que a ela ouviram, tocou profundamente seus corações.
Que estas palavras possam ecoar em nossos corações e ser passadas adiante.