A felicidade nos é chegada através do aprendizado, quando aprendemos sobre nós mesmos e sobre o lado luminoso da vida. Via de regra, nossos dias são de altos e baixos. Nosso humor oscila de tempos em tempos. E quando estamos infelizes é porque estamos desalinhados dessa tal parte luminosa da vida.
Como nos alinhar a essa grande luz? Aprendendo. Voltando-nos para dentro e reconhecendo os pontos em desalinho. Indo à cata de falhas, compreendendo-as e buscando sua superação.
Todos os nossos sentidos – visão, audição, tato, paladar e olfato – nos remetem ao mundo exterior, trazendo para dentro as impressões captadas de fora. Não somos acostumados a prestar atenção em nosso universo interior, pois a todo momento estamos vendo, ouvindo, tocando, degustando ou farejando algo.
E como voltar-nos para dentro? Através da consciência. Nossa consciência pode ser direcionada conforme nossa vontade. Podemos nos impregnar das sensações do mundo exterior ou então deixar os sentidos em repouso, abrindo caminho para um nível superior de consciência. A meditação é uma prática que auxilia nesse processo. Ela nos ajuda a ter o domínio de nossa consciência – isto é, o domínio de nós mesmos – e, quando a dominamos, podemos direcioná-la para patamares mais elevados. Podemos rumar o caminho do aprendizado interno.
E isso passa, necessariamente, por mudanças e superações. E, por óbvio que seja, não há mudança sem que antes seja reconhecida a necessidade de mudar. Ao menos as mudanças conscientes não se dão sem que isso ocorra. E isso significa que é preciso vasculharmos nosso interior à procura de pontos desalinhados do lado luminoso da vida.
Se encontrarmos dentro de nós uma pequena falha, esse é o primeiro passo para uma pequena mudança. Se encontrarmos dentro de nós uma grande falha, esse é o primeiro passo para uma grande mudança.
Aqui entra a Coragem. É preciso ser destemido para encarar a si mesmo, sobretudo nos aspectos mais profundos e desarmônicos.
Certas ‘falhas’ ou pontos em desalinho com a grande luz são tidas como aceitáveis; outras, são de pronto repudiadas. É comum alguém reconhecer ter um ânimo um pouco triste, depressivo. Ninguém é repudiado por isso (e nem deveria). A pessoa reconhece isso como um ponto a ser melhorado e se empenha nessa melhora. Mas…
De uma falha pequena, somente pode advir uma mudança também pequena.
As grandes mudanças requerem o reconhecimento de falhas igualmente grandes.
Assim, é comum as pessoas reconherem pequenas falhas, como a timidez, por exemplo (ou pelo menos o lado ruim dessa característica). Mas é raríssimo o reconhecimento de falhas realmente grandes – e no entanto elas existem.
Todos conhecem alguém que já disse algo como “Sou muito tímido. A timidez está me atrapalhando, preciso mudar isso.”
Contudo, alguém já ouviu alguém dizer algo do tipo “Sou muito falso. Essa falsidade toda que há em mim está me consumindo, preciso mudar isso.”?
E, como já disse e como é óbvio, esses defeitos mais graves existem. Sentimentos como a falsidade são de pronto repudiados. A opinião geral é a de que é aceitável ser um pouco tímido; já a falsidade é completamente inaceitável. Mas, se ela existe, aqueles que a tem precisam, necessariamente, reconhecê-la em algum momento para que possam superá-la. Daí a necessidade de Coragem e Honestidade.
Reconhecer nossas virtudes num momento de baixa estima pode ajudar a recobrar a confiança em nós mesmos. Mas nunca pode nos elevar a um patamar superior ao nosso padrão normal. É somente através do reconhecimento de falhas que podemos nos alçar a patamares até então não alcançados.
Por esse processo é que nos alinhamos ao Bem e à luminosidade. E é assim também que nos aproximamos de uma felicidade mais plena e perene. Isso pois somos frequentemente postos em confronto com nossas falhas, até o momento em que elas deixem de ser falhas e se convertam em aprendizado. Quando isso ocorre, somos imbuídos de um sentimento de paz e plenitude: e daí vem a felicidade duradoura.