Princípios e praticidade

Para que enfrentar uma longa fila se há meios para não precisar permanecer nela, ainda que esses meios não sejam de todo corretos? Para que cumprir zelosamente com todas as minhas obrigações, já que ninguém em volta o faz? Para que tomar um caminho lento e moroso (mas que é o caminho certo) se eu posso pegar um atalho (embora não seja o correto)? Em suma, o que importa cometer pequenos deslizes, já que muitos deles tornam a vida tão prática? Princípios. Fazer o que é certo não é questão de praticidade, mas sim de princípios.

Furar a fila do banco ou trafegar pelo acostamento pode até tornar nossa vida mais prática, livrar-nos de um infortúnio e nos causar um alívio imediato. Mas tudo isso termina por aí. Não carregamos conosco o “bem-estar” proporcionado por essas pequenas transgressões.

Em contrapartida, ter as ações guiadas por princípios faz com que estejamos preenchidos por algo maior do que nós mesmos. E esse preenchimento – em oposição ao vazio – proporciona bem-estar perene. Significa que já não vivemos apenas por nós e para nós, mas sim voltados para horizontes mais vastos. Significa que nossa consciência individual possui respeito e consideração pelos demais. Enfim, significa não ser egoísta ou obtuso, mas o oposto disso.

Então, se o que almejamos é sermos altruístas, agirmos com respeito e possuirmos visão mais ampla, uma coisa é certa: ser prático não é nada prático.

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